“Rachel de Queiroz”- Socorro Acioli
“Afinal quem pode manter, num espelho, uma imagem fugiu?”
Um livro despretensioso, mas ao mesmo tempo revolucionário, “O Quinze”, chegou às mãos de escritores renomados e editores, em 1930, e repercutiu no coração do movimento modernista brasileiro no Rio de Janeiro. Rachel de Queiroz era uma adolescente de 15 anos quando, impedida de sair de casa devido a uma pneumonia aguda, escreveu seu primeiro romance. “O Quinze” é um relato seco e emocionante da terrível seca de 1915, uma das piores que já acometeu o sertão nordestino.
Socorro Acioli nos conta a saga desta adolescente que mergulhou na ficção regional com tal maestria que o escritor renomado, Graciliano Ramos, duvidou que o livro tivesse sido escrito por uma mulher, muito menos uma adolescente: “Seria realmente de mulher? Não acreditei. Lido o volume e visto o retrato no jornal, balancei a cabeça: Não há ninguém com este nome. É pilhéria. Uma garota assim fazer romance! Deve ser pseudônimo de sujeito barbado.”
A jornalista Rachel de Queiroz, como ela gostava de se identificar, escreveu romances, contos e crônicas que foram publicadas regulamente nos principais jornais e revistas do Brasil, até sua morte. Sua narrativa é agradável e ao mesmo tempo profunda. Primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, em 1977, ela abriu caminho para que outras escritoras viessem a ocupar uma cadeira naquele clube essencialmente masculino.
Rachel de Queiroz rompeu paradigmas em sua vida pessoal e na literatura brasileira e pertence ao panteão dos maiores escritores de nossa história.
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